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Nanobastões de ouro mostram potencial contra a leishmaniose


16/09/2025


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Belo Horizonte – 16 de setembro de 2025, 14h32

Pesquisadores do Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno (CTNano), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Departamento de Física da UFMG, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e do Instituto René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz Minas), sob a coordenação da pesquisadora Anna Carolina Pinheiro Lage (Instituto René Rachou/Fiocruz Minas, grupo Biotecnologia Aplicada ao Estudo de Patógenos – BAP), identificaram efeitos promissores do uso de nanobastões de ouro (gold nanorods – GNRs) no combate à Leishmania amazonensis, parasita causador da leishmaniose cutânea.

O estudo foi publicado no último dia 5 de setembro na revista internacional Nanomaterials e destaca tanto a atividade antiparasitária quanto as alterações biomecânicas induzidas pelos nanomateriais em células do sistema imunológico. A leishmaniose cutânea é endêmica em mais de 98 países e representa um desafio crescente para a saúde pública, especialmente devido ao surgimento de cepas resistentes aos medicamentos tradicionais, que além de caros, podem causar fortes efeitos adversos. Nesse cenário, terapias inovadoras tornam-se urgentes, segundo os autores.

Segundo as pesquisadoras Maria Luiza Pertence (UFMG) e Anna Carolina Pinheiro Lage (Fiocruz Minas), os nanobastões de ouro já são reconhecidos por seu potencial em terapias fototérmicas: quando irradiados com luz infravermelha, convertem energia luminosa em calor localizado, causando danos a parasitas e células. Porém, a pesquisa mineira se concentrou em mostrar que, mesmo sem irradiação, os GNRs exercem efeitos terapêuticos, investigando como essas nanopartículas interagem diretamente com macrófagos, células de defesa do organismo que abrigam o parasita.

Resultados promissores
“Utilizamos microscopia de desfocalização, uma técnica não invasiva que analisa as propriedades mecânicas de membranas celulares, e observamos mudanças significativas. A infecção por Leishmania aumentou a rigidez e a viscosidade da membrana dos macrófagos, enquanto a exposição a GNRs reduziu esses parâmetros em células saudáveis, sugerindo maior fluidez e reorganização do citoesqueleto”, explicam as pesquisadoras. Já em células infectadas, os nanobastões reforçaram a rigidez sem alterar a viscosidade, indicando um efeito modulador dependente do estado celular.

Além disso, ensaios de fluorescência mostraram que os GNRs estabilizam a carga parasitária e retardam a proliferação do protozoário, sugerindo um possível efeito leishmanicida em baixas concentrações, com mínima toxicidade para as células hospedeiras. “Os resultados revelam um duplo benefício: ação direta sobre o parasita e modulação das propriedades biomecânicas das células do sistema imune. Isso abre caminho para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e menos tóxicas contra a leishmaniose, possivelmente em combinação com estratégias fototérmicas no futuro”, completam as cientistas.

O trabalho contou com financiamento da FAPEMIG, CNPq e CAPES e reforça o papel da pesquisa interdisciplinar em nanotecnologia e saúde pública. Confira o estudo completo: https://www.mdpi.com/2079-4991/15/17/1373

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